segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Sacra di San Michele

Essa viagem foi incrível e a história dela seria estressante, se não fosse hilária:

Foi numa postagem aleatória de alguma página do Facebook que eu vi um castelo medieval em ruínas e como dei muita sorte da Karen morar comigo, decidimos visitá-lo. É numa cidade vizinha de Torino - chega em 30 de trem - chamada Avigliana que resolvemos nos aventurar... de bike! São cerca de 30km colocados na ponta do lápis pra chegar em umas 3 ou 4 horas, combinamos de irmos em 5 pessoas, mas no fim (1) foram só dois de bicicleta, um desistiu e eu e a gabi fomos de trem porque tínhamos aula/trabalho e não deu pra sair no horário combinado /:
Mas enfim, chegamos no nosso destino por volta de 20h e quem disse que encontramos hostel??? (2) A cidade minuscula tava tendo uma feira "di gusto" e os 2 hostels estavam lotados. Paramos numa pizzaria e o dono foi super simpático (beijos pra quem achava que todos do norte são secos e ignorantes), ligou pros hotéis pra saber se algum estava com check-in aberto -porque fechavam às 21h- e ainda deu as pizzas e pães (?) que sobraram pra gente, obrigada boa alma! Seguimos pro hotel e outra surpresa: 30€ pra passar a noite. (3) Gente, oi??? Eu só tinha levado 30€ pensando em encontrar uma emergência, então ou eu dormia lá, ou eu comia no dia seguinte e voltava pra Torino.
A Ka e o Luiz resolveram entregar o rim deles porque estavam cansados, e eu e a Gabi fomos pro lago da cidade, que nos disseram que tinha noitada e barzinhos, perfeito e problema resolvido. Só que não. (4) A tal da noitada era até a 1h da manhã, ficamos o máximo que pudemos lá, até o que garçom trocou a roupa e estava tipo, na porta já. Pra onde ir? Pra igreja, claro. Sim, dormimos na igreja, morrendo de frio, mas era a solução...
Antes de amanhecer eu e minha companheira de noitada fomos encontrar os outros no hotel e ir para a cidade de Sant' Ambrogio visitar a Sacra di San Michele. Mas (5) eu e a Gabi estávamos sem bicicletas, então fomos sentadinhas no quadro das bikes, no maior conforto da vida. Até que chegamos no começo da trilha. (6) Uma trilha impossível de subir de a pé, quem dirá de bicicleta, fomos empurrando a bike e terminamos quase empurrando um ao outro.
Chegamos ao nosso destino, deslumbrados porque ela é maravilhosamente velha e gigantesca umas 10h da manhã... (7) e a próxima entrada seria só às 14h. Não tinha restaurante, não tinha onde ficar. Já falei que tava friozinho também? Mas comemos uns sanduíches e dormimos (eu dormi, pelo menos) num banco da praça, pensando nelaa-aa-a, e subimos na igreja, tiramos nossas fotos meio correndo e precisamos voltar. De bike, sentada no quadro, claro. (8) Sem freio. Ai mãe, espero que você não leia isso, mas eu desci cerca de 1000 metros de altitude sentada no quadro de uma bicicleta sem freios. Como já dizia o Ricky, viva la vida loca, né?
Voltamos pra Avigliana, vimos o lago, o castelo em ruínas, o borgo medieval, mas só passamos mesmo por já estar ficando tarde e o cansaço batendo, mas foi indescritivelmente fantástico. Aí me pergunto como pode ter tido 8 problemas em menos de 48 horas e ter sido tão bom? Tanto que o Luiz e a Ka voltaram lá outras vezes, de outros meios, e está na minha listinha com certeza... Ainda bem que existe algum período na vida que a gente pode fazer isso :3

 
 
Saída de Avigliana rumo à Sacra di San Michele

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

100 dias!

Hoje é meu 100 dayversário e nada mais justo que citar 100 coisas italianas que já fazem parte da minha vida, são diferenças culturais -engraçadas até- que saltam aos olhos. A Itália é muito mais que pasta, máfia e pizza (assim como o Brasil é mais que futebol, mulher e praia) e fazer esse post me fez recordar de situações no mínimo inusitadas e de como é bom saber se virar do outro lado do mundo! 

Vamos lá:

1) O mês de agosto é para férias! Todo mundo vai pra praia e fecha os comércios. Cheguei em Torino na segunda metade de agosto e mal sabia eu que viveria no bairro mais movimentado e badalado da cidade, porque tudo tinha a plaquinha "chiuso per ferie", o pessoal não conhece rodízio de férias não...
2) Siesta por duas horas e meia, sem caô. Sabe quando você precisa correr ali na lojinha X comprar qualquer coisa rapidinho e aproveita os seus minutos preciosos de almoço? Aqui não existe isso;
3) Ainda falando em horários, o comércio abre tarde, umas 9:30h, fecha pra siesta, e vai no máximo até 20h. Além de alguns que fecham em algum dia da semana, sem motivo aparente. Oi, qualidade de vida;
4) Ter faxineira, babá e empregada é artigo de luxo, e pra ser babá de cachorro seu currículo tem que ser impecável;
5) Italianos fumam muito. Muito mesmo. O cigarro aqui é mais caro comparado ao Brasil, mas os italianos preferem fazer o próprio fumo, e nas primeiras vezes que vi tirarem os saquinhos e prepara-lo até me assustei achando que era outra coisa. Hahaha, coisas da vida;
6) E fumar é tão comum, que no cinema tem um intervalo durante o filme pra você fumar e ir ao banheiro. Os filmes são todos dublados independente de ser no cinema ou na TV;
7) Italiano fala alto sim, gesticula pra tudo e fala muita besteira, não é incomum ouvir com a delicadeza de um elefante "non hai capito un cazzo", mas isso não quer dizer que são grosseiros;
8) Aqui não sabe-se o que é uma fila, o normal mesmo é um aglomerado desorganizado de pessoas;
9) Casamento e maternidade acontecem mais tarde (lá pelos 30 anos);
10) E até lá dificilmente saem de casa, é muito amor pela mamma;
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