terça-feira, 21 de outubro de 2014

Monte dei Cappuccini, da série "Do outro lado do rio"

Mais um mirante. E mais uma vista linda. Não importa quantos mirantes existam nessa cidade, cada vista que vêm, enche meus olhos. O escolhido desta vez foi o Monte dei Cappuccini, que eu ainda não entendo porque não fui antes, é talvez o mais fácil de se chegar. Mas, finalmente...

História
É fácil de localizá-lo: olhe para o outro lado do rio! Próximo ao centro histórico e principalmente à Piazza Vêneto, o morro de 283m chama atenção com sua construção, e a noite pela sua iluminação.
O monte tem nas suas raízes, fins defensivos. Só em 1581 foi entregue aos padres capuchinhos. Estes dedicam sua fé ao culto de Maria e o complexo da igreja e convento ficou pronto apenas em 1656. Reza a lenda que neste local teve um milagre eucarístico: quando os franceses tomaram a cidade e entraram na igreja para saqueá-la, uma língua de fogo subiu para proteger as hóstias sagradas. Esse evento ficou consagrado no átrio da igreja, através de uma pintura. Durante muitos anos o local foi alvo de cercos e ocupações, e danificado pela Segunda Guerra, passou por obras de restauração. 
Hoje, além da igrejinha e do convento, o Monte também abriga o Museu Nacional da Montanha.


Palazzo Madama e Casaforte degli Acaja

Há alguns sábados minha professora de italiano nos reuniu pra tomar café no Palazzo Reale e para um passeio no Palazzo Madama, um dos pontos turísticos da cidade que eu ainda não tinha ido, e apesar do frio a visita guiada valeu a pena! Eu me encontro cada vez mais nessas visitas a castelos, fortificações, ruínas, verdadeiras obras de arte... É como se eu desligasse um pouco da realidade e passasse a imaginar como era a vida daquelas pessoas, como elas passavam seus dias, mas principalmente me deslumbro com a arte dos trabalhadores, sejam eles arquitetos, pintores, escultores... O trabalho dessas pessoas, que muitas vezes não chegaram nem a ver suas obras concluídas, é tão incrível, tão completo e tão complexo que me deixam boquiaberta e cada vez com mais certeza de que escolhi a caminho certo pra levar a minha carreira!

História
O palazzo se localiza na Piazza Castello e é um complexo de dois edifícios: o Palazzo Madama barroco e o medieval Casaforte degli Acaja. O complexo é Patrimônio da Humanidade pela Unesco como parte das Residências da Casa de Saboia, desde 1997.
A parte medieval é uma antiga fortificação que passou a ser propriedade dos Saboia no século XIV, quando aumentaram a construção e a transformaram em castelo. Depois de um século, os Acaja moraram lá e foram responsáveis pela sua forma que conhecemos hoje: quadrada, com pátio, pórtico e torres cilíndricas. Com o passar dos anos, a construção deixou de ser moradia das famílias para ser casa de hóspedes e local para festividades solenes, como a exposição do Santo Sudário em 1578, por exemplo.
O Palazzo Madama, como o nome já diz, foi residência de duas senhoras regentes de duques Saboia. O arquiteto responsável pelo edifício de mármore branco em estilo barroco foi Filippo Juvarra. Este homem foi o primeiro arquiteto da corte por seu grande talento e capacidade, expressas já na entrada: uma parede alta com três grandes janelas entre colunas esculpidas e decoradas com vasos e estátuas que permitiam ao mesmo tempo uma iluminação cenográfica (devido às raízes de sua carreira) à escadaria monumental, como permitia que o povo participasse visualmente das festividades. Essa entrada barroca e chamativa não ofusca  o castelo medieval, ao contrário: serve-lhe como símbolo de poder.
Depois da morte da última senhora, o Palazzo não se tornou moradia de mais ninguém. No século XIX foram feitas escavações nas fundações e que hoje fazem parte de uma ala do Museu Cívico de Arte Antiga de Turim, que também conta com esculturas antigas, uma pinacoteca, coleção de porcelanas e exposições contemporâneas (e provisórias).


Eu já falei sobre o Palazzo Madama aqui!(;

Lembra quando eu disse que era um piscar de olhos?

Já passou da hora de eu falar como está sendo minha vida aqui, inclusive academicamente. É quase como uma obrigação, tendo em vista que não estou apenas para viajar, mas também para estudar! E apesar de eu só ter postado sobre passeios, festas, aniversários e viagens, tenho aulas de italiano desde sempre e as da faculdade começaram há 3 semanas. 
E hoje, no segundo mêsversário do meu intercâmbio, eu conto tudo:

Aulas
Eu tinha aulas de italiano todos os dias por 4 horas até começarem as aulas da faculdade, depois passou a ser duas vezes por semana de 1h30min. Minha professora é super tranquila e querida, e mesmo que eu não seja a aluna mais exemplar e mais dedicada, adoro ela e a aula. E quanto mais tá passando o tempo, mais vejo a necessidade dessas aulas... A PoliTo nos oferta esse curso de italiano, até novembro (acho), portanto as aulas são no campus central, nosso material é uma apostila que imprimimos, mas muda de acordo com o nível: tem turma que tem acesso online, etc. Tem outro lado bom, que conhecemos os coleguinhas do CsF: enturmamos, saímos e convivemos bastante logo no começo.
Já na faculdade eu não posso ser só elogios... Nós devemos escolher quais matérias queremos dentre os "sub" cursos da arquitetura: sustentabilidade, construção da cidade, restauro, ecodesign, planificação territorial (urbanismo) e projetação das áreas verdes e paisagem, mas só podemos escolher a matéria de projeto do curso que nos inscrevemos (no meu caso, restauro). De cara já escolhemos as matérias pro ano todo, fechando no máximo 80 créditos (e isso é coisa pra caraaaamba). Eu escolhi uma carga horária bem pesada para esse semestre: projeto de restauração, analise e verificação da estrutura existente, história dos jardins e da paisagem e história e crítica do patrimônio territorial; para o próximo escolhi sociologia urbana, história da arquitetura e da cidade, workshop, teoria do restauro, teoria do projeto e me inscrevi no estágio, mas é bem difícil intercambistas conseguirem. É coisa né? Mas as matérias são muito legais *-* 
As aulas tem mais de 60 alunos, e são bem demoradas, não tem aquelas de 50 minutos que eu estava mais acostumada no Brasil. aqui a minha menor é de 1h30h e projeto chega a 5 horas (3x/semana), então é bem cansativo e puxado. No meu curso (leia-se restauro e não arquitetura) tem poucos CsF, na maioria das matérias eu fico sozinha e isso tem sido um grande problema pra conseguir formar grupos nos projetos: em duas matérias os professores não deram muita opção pras equipes me "aceitarem", a receptividade pra mim não tem sido muito boa. Além de que eu não falo italiano fluente e muitas vezes entendo "palavras" da aula, daí tem que correr atrás dos livros pra não ficar tão pra trás... Pra ajudar tudo, meu computador tá dando um milhão de problemas e to com medo dele me deixar na mão, porque preciso aprender novos programas que eles usam e não posso nem levá-lo pras aulas! Resumindo, nos primeiros dias eu estava muito animada, depois vieram uns problemas de inscrição nas matérias e esses últimos, fiquei mais desanimada, mas isso faz parte do intercâmbio: sair da zona de conforto e correr atrás mesmo, não adianta ficar em casa triste e faltar as aulas... É óbvio que nessas horas bate mais ainda aquela saudade de casa, dos amigos, até de conseguir falar pelos cotovelos, haha, mas tem que dar a cara a tapa e ser feliz! :D (Louisy, escute suas palavras) 
ps: não vejo a hora de começar a falar sobre meus projetos!!!

Dia a dia
Meu novo dia a dia está cada vez mais apaixonante! Quando eu cheguei e ainda não sabia me virar, nem sabia nada da cidade, eu estava mais de boa... Mas agora, cada descoberta me faz sentir mais em casa e dá menos vontade de voltar... Torino é grande, tem lugares lindos, tem uma vida agitada todos os dias na semana (e eu não falo só de festas: feiras, feirinhas, feirões, atividades nas praças, comércio, museus, exposições, saldões, degustações...), tem tudo que a gente precisa, inclusive comida brasileira para aqueles dias de nostalgia! Já sabemos onde encontrar cada tipo de comida, o que dá pros nossos bolsos, que cartões ter, onde é perigoso e onde é tranquilo de passear, temos a noção das distâncias, onde é caro e onde é barato...
Eu particularmente moro numa localização de ouro! San Salvario é vida! Tem tudo aqui perto: meu campus da faculdade (vou de a pé e demoro uns 5 minutos), cinemas, café, kebap, pizzarias, mercado barato, feirinhas, pontos de ônibus que vão pra todos os lugares, dois pontos de metrô, é o bairro dos barzinhos, é do lado do Parco Valentino (que também é sempre o ponto de encontro das excursões) e da estação de trem Porta Nuova, e pra ir pro centro é rapidinho. Amo minha nova cidade, amo sair pra ir "ali" e conhecer uma coisa deslumbrante sem querer, amo poder andar loucamente de bici, amo ter todo dia uma história nova pra contar, uma descoberta nova pra fazer, uma palavra nova pra falar...  <3

Casa
Minha experiência de moradia aqui tem sido ótima também: amo as meninas que dividem casa comigo (confesso que no começo deu uns probleminhas) mas acho que nos entendemos e moramos bem! Gosto de chegar em casa e contar como foi meu dia, mesmo que tenha sido ruim; de achar uma comida gostosa e dividir, de mostrar o que eu comprei e aonde, e obviamente adoro ouvir as histórias e aventuras delas! Dividir casa é muito aprendizado, muita paciência, mas acho que as muitas coisas boas passam por cima! 
Ka, Carol e Tara: mesmo eu sendo a mais azedinha, amo vcs <3
Aqui nós dividimos quarto de duas em duas, mas nossa casa é relativamente grande, menos quando chamamos a galera pros nossos esquentas ou festas de aniversário, aí falta espaço, mas só pra nós 4 ela é ótima. Na verdade só a cozinha podia ser um pouco maior, haha. Temos máquina de lavar roupa, aquecedor, água quente (não é boiler), internet, máquina de lavar a louça, fogão com coifa, já tinha louças, vassouras&co, colchão e luminárias, foi só chegar e se instalar! Não pagamos tão caro, e como eu já disse no outro tópico, a localização é ótima! Posso ficar aqui? 

2 meses!
Isso mesmo, hoje já fazem dois meses que eu estou aqui! Quando eu estava no Brasil eu disse que as pessoas iriam piscar e eu estaria voltando. E tá sendo bem assim, tem tanta coisa pra fazer, tanta coisa pra aprender, tanta coisa pra pensar que o dias estão passando e não estou nem vendo! 
Mas eu quero agradecer a todos por isso tudo: Aos amigos do Brasil que torceram por mim e à minha família que me apoiou, vocês estão presentes mesmo distantes (mas já era assim aí né? Agora só tem um oceaninho no meio do caminho), é sempre muito bom receber alguma mensagem dizendo que sentem saudades, perguntando como está aqui, que foram em algum lugar e lembraram de mim, vocês não tem noção de quanto isso renova a gente que está longe! Aos meus novos amigos daqui, que são de todos os lugares, e que faria o meu intercâmbio não tão bom quanto é, senão existissem. A gente vira a família do outro, o ombro amigo, a ajuda quando precisa, a companhia pra qualquer momento! Como falei pra Gabi nesse fim de semana, como vão ser nossas vidas quando voltarmos pra casa e não ter mais esse povo todo todos os dias com a gente? /: Vocês já são muito especiais e estão pra sempre no meu coração - e olha que tem muita coisa pra acontecer!
Então, pra terminar, só quero dizer que estou muito bem, muito feliz e muito realizada! Não, eu não quero voltar, apesar de não ter escolha. Eu sonhei tanto com meu intercâmbio e mesmo com as dificuldades ele tem superado e muito minhas expectativas. Eu tenho amadurecido um pouco a cada dia, e cada experiência que eu passo e/ou vejo alguém passar só faz eu me conhecer melhor, me superar e aprender. As pessoas dizem que quem viaja volta diferente e eu já digo que sim! Com certeza! Eu já não sou a mesma que estava no dia 20/08/14 naquele aeroporto cheia de medos e ansiedade, mas ao meu ver, estou muito melhor, a gente é praticamente obrigado a crescer, a ser mais humilde, mais altruísta, regular o dinheiro (!), nos virar sozinhos, vemos o mundo com outros olhos e consequentemente passamos a pensar mais na nossa vida, nosso mundinho particular, nossa cidade, nosso país, conseguimos enxergar muita coisa de outro ângulo, temos muito contato com gente de todo canto do mundo, cada um com sua cultura, peculiaridade, experiência, ponto de vista, opinião... Como isso tudo não acrescenta a vida? Impossível! E são só dois meses...  Eu desejo a todos que tenham essa vontade, oportunidades para realizar, pois nem com mil palavras dá pra descrever!

Minha Molinha

Beijos!

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Basilica di Superga, da série "Do outro lado do rio"

Sobre a série
Hoje eu começo uma série no blog que nomeei "Do outro lado do rio" por ser justamente no lado oposto do Fiume Pó, onde eu geralmente passo o dia. Parece uma outra cidade, uma outra realidade, e que hoje, mais do que nunca, me fez muito bem! Me fez refletir sobre a grandiosidade e importância que dou às coisas na minha vida, mas também me lembrou de uma menina que se encantava fácil com a natureza e detalhes simples e que estava adormecida dentro de mim. E hoje, quando me peguei sorrindo sozinha olhando pra uma árvore, eternizei esse momento e quis homenageá-lo!

Sobre o passeio
Quando acordei, minha amiga que divide casa comigo, me convidou pra conhecer uma igrejinha em Torino, de bike. Amei a ideia, to adorando desbravar a cidade de bicicleta e visitar um lugar novo é sempre uma boa pedida. O único porém é que essa igreja fica a 10,4 km de distância de casa e é o ponto mais alto da cidade, portanto: caminho íngreme (foram 4,5km de subida, só pra constar)! Mas topei o desafio, e foi o melhor passeio de todos que já fiz na cidade... Karen: muuuuito obrigada pelo convite!

Sobre a Basílica di Superga
Existia na colina de Superga uma pequena igreja de Nossa Senhora das Graças. Em 1706 a cidade foi invadida e os líderes do exército local subiram para observar o campo de batalha, onde o duque Vittorio Amadeo II fez a promessa de que iria construir uma grandiosa igreja para a santa no mesmo lugar, caso ganhassem. Após derrotar os inimigos e libertar a cidade, o duque honrou com sua promessa e confiou a construção da Basílica ao arquiteto Fillipo Juvarra, inaugurando-a em 1731.
Visitá-la é mais do que conhecer uma igreja, pois é um belíssimo mirante de Turim e dos Alpes, no porão tem as tumbas reais da Savoy com obras de arte e no complexo do convento, ao lado da igreja, se encontram salas decoradas da família. Além do restaurante / barzinho.
Nós não visitamos os museus pelo tempo e também porque estava fechado (Horários e preços), e a vista nublada da cidade só fez a gente prometer voltar lá num dia lindo de Sol!

Agora chega de conversa e vamos ao que interessa:

 

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Castello di Racconigi - apresentação do tema

Entre as matérias que eu escolhi para a faculdade daqui está o tão esperado Atelier de Restauro Arquitetônico (falarei melhor das minhas escolhas e faculdade em outro post). Como proposta os professores nos deram o Castello de Racconigi, que fica numa cidadezinha perto de Torino (chega-se com o trem metropolitano SFM7 pra quem se interessar), que tem seus primeiros registros no ano 1000! Teve muitas transformações de acordo com os "moradores" importantes que passaram por lá como Carlo Alberto e Vitório Emanuele II e depois, III, modificando praticamente toda a forma pré existente e com a adição de cômodos. 
Desde 1997 é considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco e hoje tive o prazer de visitá-lo por dentro. Quero detalhar melhor sua história no decorrer do projeto, então vai ter mais Racconigi por aqui até o próximo semestre! Por enquanto, ficam as fotos das fachadas, do interior e um pouco do seu gigantesco parque:

O mapa (google maps) mostra a imensidão do parque em relação ao tamanho da cidade

Oktoberfest München

Final de semana passado eu fui (junto com os 100 CsF de Torino) para o maior festival de cerveja do mundo, em Munique! Fechamos 5 (ou 6) ônibus, fomos -dormindo- para o evento e chegamos às 6h da manhã morreeeeendo de frio, debaixo de uma névoa que deixou o parque com um aspecto sombrio e com tudo fechado ainda! Teve coisa ruim, mas teve muito mais coisa boa, nosso bate e volta valeu demais a pena, deixou história pra contar e gostinho de quero mais!

Eu bobona saí tão depressa de casa que deixei minha máquina pra trás, então fiz um apanhado nas fotos da galera e deu esse tantão aí. Divirtam-se e fiquem com vontade, hahaha:

 

História e localização da festa
 A alegria dos ubriache  começou em 1810 com uma festança de casamento de um príncipe e uma princesa que oferecem aos seus convidados comidas e bebidas típicas da Baviera, dentre elas a cerveja. A festa só teve pausas durante as guerras e epidemias, e são quase 200 anos de cervejada!
Apesar de se chamar oktoberfest, a festa acontece em meados de setembro pelo clima ser "mais agradável" e chover menos. Mas eu passei o dia mais frio da minha vida. 
Fica localizado na região central de Munique (Theresienwiesen) e é um parque aberto de 310 mil metros quadrados chamado de Wiesn. O acesso é livre, só controlado dentro das barracas, e tem todo tipo de ser: turistas de todas as idades, senhoras e senhores, crianças, cachorros...
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