terça-feira, 4 de abril de 2017

Porque estou indo para os Estados Unidos

Oi!
O motivo dessa viagem é bem peculiar e muito importante: eu e outros dois amigos iremos representar a UFPR em um concurso internacional de arquitetura eficiente!

Desde 2014 o Departamento de Energia dos Estados Unidos inspira e desenvolve a nova geração de profissionais da área da construção residencial, dando a oportunidade de iniciar suas carreiras em energia limpa e gerar soluções criativas para o mundo real, através do desafio de criar casas net zero energy, ou seja, com zero consumo de energia proveniente da concessionária.
No primeiro ano participaram 28 equipes de universidades americanas e canadenses; em 2015 se apresentaram 33 times também americanos e canadenses; em 2016 o número caiu um pouco para 31 e em 2017 foram inscritos 52 projetos na primeira etapa, dos quais temos participação inédita representando o Brasil além de uma Universidade Canadense e outra da Índia. 

A competição baseia-se em um cenário real, onde o construtor precisa atualizar sua linha de produtos existentes para um projeto de casa de alto desempenho, tendo como obrigatoriedade atingir as especificações do DOE Zero Energy Ready Home, o grande patrocinador do evento. As equipes são encorajadas a serem multidisciplinares, com assessoria da indústria local, para ajudar na tomada de decisões de forma coerente e com grande abrangência. O concurso é dividido em 4 categorias: __

Nosso projeto foi motivado pela ideia de que uma casa auto eficiente e viável na nossa cidade, pois Curitiba precisa melhorar na área de habitação sustentável, a fim de desenvolver um mercado mais forte nesta área, para que os custos das iniciativas verdes sejam menores e, portanto, mais acessíveis a toda a população.
Com o Sobrado Solar queremos mostrar que já é possível ter uma casa confortável em termos acústicos e térmicos, com acessibilidade e flexibilidade e que seja feita mais rápido do que o normal, já que as residências de alvenaria no Brasil levam mais de um ano para estarem prontas. Além de todos os benefícios ambientais e econômicos que a coleta de água da chuva e energia solar produzida trazem aos moradores e também à cidade.
O Brasil é muito tradicionalista e tem grande resistência na adoção de novas técnicas e materiais, mas quando o consumidor brasileiro pode ver e "sentir os resultados no bolso", abre-se um novo mercado.
Também é necessário mudar a visão sobre residências de madeira no Brasil. Historicamente, as casas de madeira eram mais pobres, com menos infra-estrutura, menos conforto, mais suscetíveis ao tempo e às pestes porque, na verdade, eram casas de pessoas mais humildes que não tinham muito dinheiro. Ao longo do tempo, ter uma casa "material", como nos referimos ao tijolo, tornou-se um símbolo de status social. Assim, queremos quebrar esse paradigma e mostrar todos os benefícios do woodframe e como o conjunto de sistemas e camadas que o compõem são eficientes.
O modo de vida está mudando muito rápido, o boom dos apartamentos, cada vez menores, tem trazido maus efeitos sobre a qualidade de vida da população. Os edifícios não são pensados ​​de melhor insolação ou ventilação natural, muito menos sobre a qualidade do ambiente, além de que muitas vezes as pessoas não têm espaços externos para desfrutar. O Sobrado Solar foi projetado para restaurar os laços com o meio ambiente através do jardim comum, plantas, hortas, boa insolação, boa ventilação e também aumenta o contato com o vizinho, algo que não é tão comum em Curitiba. Este espaço partilhado é para todos, desde os idosos às crianças, ter os seus momentos em segurança, sem ter que, necessariamente, de sair de casa.


Objetivos:
O projeto foi pensado para permitir que tipos de famílias variáveis ​​vivam na casa, pois há uma relação custo - benefício favorável para diferentes faixas etárias e estilos de vida. Há um quarto extra com casa de banho no primeiro andar, que pode ser usado para os hóspedes, e são acessíveis, podendo ser usados por idosos ou pessoas com deficiência de locomoção. Além disso, esse quarto também pode ser usado como um escritório em casa.
A sustentabilidade foi um princípio que orientou a escolha das técnicas de construção, materiais e fornecedores, buscando o menor impacto natural. O grau em que tais decisões foram tomadas torna a casa inovadora no seu contexto:
- utilizando uma estrutura em madeira;
- adoção de cisterna para a captação das águas pluviais;
- usar cisterna como fonte ou dissipador de calor para um controle climático de baixa energia;
- eliminação do reservatório de água elevado, permitindo um volume de telhado único;
- tornando todo o telhado uma superfície fotovoltaica, isolada termicamente, em vez de laje de concreto e telhas.
- proporcionar um único quintal para todas as unidades de habitação, recriando um sentido de comunidade;
- implementação de composteiras e outros equipamentos comunitários
Apesar das limitações de projeto, a equipe cuidou, em primeiro lugar, do conforto em termos de iluminação natural, temperatura, umidade, insolação, qualidade do ar e acústica e, em segundo lugar mas não menos importante, para uma agradável estética. Tudo foi planejado por uma equipe multidisciplinar de engenheiros e estudantes de arquitetura e engenharia, em parceria com fornecedores especializados, dispostos a trazer inovação significativa para Curitiba e a proporcionar um bom exemplo de qualidade de vida de forma mais sustentável. A casa foi elevada do solo por razões de ciclo térmico e de umidade, mas também como medida preventiva para a vulnerabilidade ambiental mais comum: inundação, que pode ser devido à topografia, além do fato de que os sistemas urbanos drenados são subjugados por água coletada em superfícies maciçamente seladas.


Esse projeto foi escolhido entre os finalistas que irão se apresentar pessoalmente para o júri e concorrer como vencedores de categorias e grande vencedor. 
A UFPR nos deu todo o apoio, desde financeiro até com aulões de inglês avançado com nativos e pessoas da área da construção, de forma a nos preparar para a apresentação da melhor forma possível e possamos fazer um bom trabalho como pioneiros na competição, trazendo como frutos não somente a experiência como também o aprendizado, as inovações, possíveis parcerias e claro, abrir as portas para que o Brasil seja mais representado nessa e em outras competições internacionais. 

Eu estou muito honrada em poder estar participando dessa etapa, muito ansiosa para a apresentação e me sentindo muito sortuda em ter tido essa oportunidade. Torçam por nós! ♥

Matéria da Gazeta do Povo: Haus
Matéria para UFPR TV: Youtube
Projeto: Behance

Autores do projeto:
Alessandra Veiga | Daniel Ussuna | Heloise Cezario | Juliana Hirayama | Juliana Macedo | Karoline Richter | Larissa Shinohara | Louisy Spak | Renatto Carvalho | Vitor Fernandes | Orientação do prof. Aloísio Schmid
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